O CAMINHO!!

Um dia, um homem precisou atravessar a floresta virgem para voltar a sua casa. Sendo animal racional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas... No dia seguinte, um menino que passava por ali, usou essa mesma trilha torta para atravessar a floresta. Depois foi a vez de um idoso, líder de uma empresa, que fez seus companheiros seguirem pela trilha torta. Mais tarde, as pessoas começaram a usar esse caminho : entravam e saíam, viravam à direita, à esquerda, abaixando-se, desviando-se de obstáculos, reclamando e praquejando, até com um pouco de razão... Mas não faziam nada para mudar a trilha. Depois de tanto uso, a trilha acabou virando uma estradinha onde os pobres homens se cansavam sob cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas uma distância que poderia ser vencida em, no máximo, uma hora, caso a trilha não tivesse sido aberta . Muitos anos se passaram e a estradinha tornou-se a rua principal de um vilarejo, e posteriormente a avenida principal de uma cidade. Logo, a avenida transformou-se no centro de uma grande metrópole, e por ela passaram a transitar diariamente milhares de pessoas, seguindo a mesma trilha torta feita pelo home... centenas de anos antes... Os homens tem a tendência de seguir como cegos por trilhas feitas por pessoas inexperientes, e se esforçam de sol a sol a repetir o que os outros já fizeram. Contudo, a velha e sábia floresta ria daquelas pessoas que percorriam aquela trilha, como se fosse um caminho único... Sem se atrever a mudá-lo. Muitas vezes nos chamam de ousados, chatos, metidos, etc. pois temos ousado por caminhos novos, pois quando nos falam que devemos seguir aquele caminho pois todos estão indo por ali e não sentimos paz no coração, buscamos a resposta do alto, os conselhos de Deus e através Dele, por Ele e com Ele à nossa frente seguimos novos desafios,acredito que a educação passa por uma mudança,e esta mudança esta em cada um de nós. Paulo Coelho

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Alfabetização com cartilhas tradicionais x cartilhas construtivistas


Métodos de ensino
 
Nos 80 anos, as cartilhas foram o principal instrumento de alfabetização dos brasileiros.
Cresce o número de representantes de uma novíssima geração de livros que adotam práticas construtivistas no seu método de alfabetização. Para quem conhece essa linha de ensino, isso parece uma falta de senso. Cartilha construtivista? - perguntará aquele construtivista que sempre execrou essas obras, por considerar que elas não levam em conta o ritmo individual dos alunos, nem as suas experiências anteriores.
Mas as cartilhas construtivistas não ensinam a ler a partir das sílabas, como as tradicionais. Estão cheias de poesias, canções, notícias de jornal, peças de publicidade e outros textos do dia-a-dia que, acredita-se, retratam a realidade e os interesses das crianças. Incentivam a produção de textos, como bilhetes para os pais, mesmo que os alunos ainda mal escrevam seus nomes. São práticas iguais às das escolas construtivistas.
"Não há método certo ou errado", defende o professor Paulo Nunes de Almeida, autor de Pipoca, uma das mais vendidas cartilhas construtivistas. "Os caminhos podem ou não podem ser adequados, de acordo com as habilidades do alfabetizador", diz ele. "Para quem se prepara para o trabalho, qualquer método trará bons resultados."

Métodos:
Tradicionais
O método começa pelas vogais

Quase todos os 82 milhões de brasileiros alfabetizados, que têm mais de 15 anos, aprenderam a ler em cartilhas tradicionais. O método varia muito pouco. Primeiro, elas apresentam as vogais e depois as sílabas, até chegar às palavras e às frases. Como o importante é a montagem silábica e não o conteúdo, surgem frases com pouco sentido, do tipo "O pato está ao pé do gato" ou "A menina tem caju e boneca".
Muitas dessas obras fizeram grandes inovações didáticas em sua época. A Cartiha do Povo (Editora Melhoramentos), que ainda é publicada, associa as vogais aos dedos da mão - novidade em 1928, quando foi lançada. Em 1950, saiu a Caminho Suave (Editora Caminho Suave). A grande novidade introduzida pela professora Branca Alves de Lima foi unir letras e ilustrações. O "f" é o cabo de uma faca, o "c" o rabo de um cachorro. "As sílabas vinculadas a desenhos elevam o interesse pela leitura", diz ela.

Renovadas
Visual muda, mas conteúdo é o mesmo

Algumas cartilhas, que adotam com vigor o método da silabação passaram por um processo de renovação. Elas capricham na edição, têm ilustrações bem cuidadas, listas de palavras para copiar, jogos de completar e cruzadinhas. Apresentam textos de leitura curtos, que servem para fixar as palavras estudadas, não para uma discussão do conteúdo. Fora isso, repetem a linha pedagógica consagrada pelas tradicionais.

Construtivistas
Alfabetização com palavras inteiras

Nas cartilhas inspiradas no construtivismo, a alfabetização é feita com palavras retiradas de situações conhecidas pelos alunos, como brincadeiras e festas. Não há preocupação em escolher termos fáceis. Tenta-se mostrar aos alunos que a leitura é útil e dá prazer. Para isso, são mostrados jornais, histórias e receitas culinárias. A prioridade é interpretar os textos. A decomposição de palavras em sílabas é tarefa extra, feita com cruzadinhas e outros jogos.

Veja as diferenças entre as duas formas de ensinar a ler.
Um pecado original das cartilhas
Todas as cartilhas que estão hoje ao alcance do professor, inclusive as construtivistas, cometem um idêntico e grave deslize, dizem seus críticos: associam de maneira direta a linguagem falada à linguagem escrita. Esse pecado induz os alunos a ler de modo mecânico, no mesmo ritmo em que falam, como se estivessem recitando, sem entender o conteúdo. "A escrita deve ser vista como um sistema independente, não como uma representação da fala", observa o especialista em escrita e leitura José Juvêncio Barbosa. "É por isso que se deve separar a fala da escrita desde o início da alfabetização".

Não basta alfabetizar
Nem todo mundo que aprende a ler é um bom leitor

O alfabetizado
Nem sempre o alfabetizado tem claro o que quer de um texto. Ao ler, transforma a escrita em fala. Prende-se à linearidade do que está escrito e lê linha por linha, palavra por palavra. Vai devagar, do começo ao fim. Como ler dessa maneira é chato, cansa-se logo.

O leitor
Sabe o que quer de um texto e como encontrar o que procura. Ao ler, concentra-se no significado do que foi escrito. Lê blocos, não palavras isoladas. Percorre o texto aos saltos, vai e volta, em busca de informação. Sente prazer com a leitura e não se cansa facilmente.







Veja as diferenças entre as duas formas de ensinar a ler:
Alfabetização com as cartilhas tradicionais
Alfabetização com as cartilhas construtivistas
Método Começa com as unidades mais simples da língua escrita (letras e sílabas) e segue em direção às mais complexas (palavras, frases e textos). Privilegia a memorização das estruturas gramaticais, deixando de lado a compreensão dos mecanismos da escrita. Na sala de aula, o professor enfatiza as unidades menores da língua, desenvolvendo na criança a percepção detalhada dos componentes da escrita. Parte das unidades globais da língua (palavra ou textos) e analisa seus componentes (frases, sílabas e letras), para em seguida recriar os textos e as situações apresentadas. É uma abordagem muito semelhante à da alfabetização sem cartilhas. A compreensão do significado dos textos é mais importante do que a memorização. A propriedade é a percepção abrangente das estruturas da língua.
Processo O aluno aprende por meio da associação entre imagens e sons. Só produz textos próprios depois de dominar boa parte das famílias silábicas e do processo de formação de palavras. A escrita normalmente é desvinculada de atividades práticas ou situações do dia-a-dia das crianças. Usa-se muito a cópia e o ditado como técnica de fixação de palavras. A letra cursiva é explorada desde o início do processo de alfabetização. Inicialmente o aluno escreve de uma maneira particular, a chamada escrita espontânea, e vai progredindo até chegar às formas convencionais da linguagem. Utiliza a leitura e a interpretação de textos variados, além de jogos com letras, palavras e frases. Nos exercícios, predomina a letra bastão, mas a letra cursiva também é exercitada.
Materiais A cartilha é quase o único material. Os textos de leitura são curtos, em frases simplificadas e estão desvinculados da linguagem oral. Buscam principalmente o uso das sílabas já estudadas. Raramente se usam materiais como livros de histórias, jornais, revistas e canções. As cartilhas, com textos literários e informativos, devem ser apenas o ponto de partida das aulas. É valorizado o emprego de materiais diversos. As atividades em classe devem ser enriquecidas com jornais, revistas, livros de histórias, textos de embalagens, folhetos de propaganda, gibis, músicas e outros materiais de interesse das crianças.
Professor Tende a seguir a cartilha, que estabelece a seqüência de aulas. Prepara exercícios de fixação das sílabas estudadas e avalia o desempenho dos alunos principalmente com ditados, leitura oral de palavras e análise estética da letra cursiva. Aconselha-se o professor a ajudar a criança a reelaborar a escrita espontânea e a entender os mecanismos usuais da língua. Avalia o desempenho da turma de acordo com os níveis de aprendizagem da língua.
Aluno Deve seguir a cartilha, lição por lição, praticamente sem autonomia. Aprende o que o professor ensina. Suas idéias sobre como funciona a língua não tem importância nessa abordagem. Espera-se que o aluno tenha liberdade para desenhar, criar histórias, registrar idéias e interpretar as diversas formas da escrita encontradas em objetos do dia-a-dia. Desde o começo ele deve se sentir leitor e produtor de textos.
Erro É entendido como desvio do padrão e deve ser corrigido. O que está na cartilha é o certo. Deve ser avaliado de acordo com os estágios de aprendizagem da língua e não necessariamente corrigido de imediato.
Resultados A cartilha define o caminho a ser seguido nas aulas. Entretanto, a ênfase nas atividades com sílabas pode fazer com que a atenção da criança se concentre mais nas palavras do que nas idéias que elas querem expressar. Depois, o aluno pode ter dificuldade para abandonar a leitura silábica e concentrar-se na compreensão dos textos. Ler pode se tornar um ato mecânico e cansativo, sem fluência. A cartilha pretende favorecer a pesquisa de textos e o planejamento das aulas. O aluno tende a adquirir uma visão geral da língua, concentrar-se no significado das palavras e conquistar autonomia na leitura e na interpretação de textos. Essa proposta metodológica exige uma boa qualificação do professor.

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