ESCOLA SERVANTES
A
ESCOLA SERVANTES, é uma instituição do ensino fundamental completo e se
localiza em Margarida do Sul/RS. Muitos empreendem em compreender a Escola
Servantes como o lugar em que se concebe, se realiza e se avalia um processo
educativo das novas gerações da comunidade de Margarida do Sul. O projeto educativo desta escola então é
composto da organização, descrição, e indicação de caminhos/direções para a
realização de ações e de diretrizes de avaliação destas, sendo este movimento
aquilo que organiza seu trabalho pedagógico.
O
projeto pedagógico da escola está baseado na realidade de seu entorno e busca
estar ancorado nas diretrizes ditados pelo sistema de ensino. Por isso o
Projeto Político-Pedagógico (PPP) foi construído e vivenciado por todos os
envolvidos com o processo educativo da escola. Uma participação que se deu pela
representação de pais, alunos e professores e por instrumentos de coleta de
dados em que pode-se identificar a situação sócio-econômica das famílias, a
escolaridade dos pais, a religião das famílias e a identificação da função da
escola para estas famílias. Ficou entendido que com estes dados eram
suficientes para ter uma leitura da realidade dos alunos da Escola Servantes.
Outros
dados quantitativos também foram construídos para a organização do PPP, foram
eles o perfil de formação de seus docentes (10 graduados e 5 Especialistas),
foram analisados o número de alunos concluintes do ensino fundamental na
escola, desde sua fundação, ainda: o que os professores consideravam ser a
função da escola, o que os funcionários pensavam ser o seu trabalho num
processo educativo, como aconteciam as práticas pedagógicas na escola, as
concepções de ensinar e aprender.
Tinha-se
clareza entre a comissão que escreveu o PPP da Escola Servantes que o Projeto
era uma ação intencional e um compromisso definido coletivamente, e que por
isso, este era político, pois iria articular o compromisso sócio-político aos
interesses da comunidade e educativo, pois definiria as ações educativas que
possibilitam a efetivação e intenção
escolar para a formação do cidadão.
Nesse
sentido, considerava-se o PPP como um processo permanente de reflexão e
discussão dos problemas escolares, e ele seria a direção para buscar
alternativas viáveis à efetivação de uma intencionalidade de formação capaz de
se desenvolver através de uma vivencia democrática no espaço escolar.
Pelo
caráter democrático o PPP deveria instaurar uma forma de organização do
trabalho pedagógico em dois níveis: o da escola como um todo e o da sala de
aula, associando-o com o contexto social. Para tanto a escola era definida no
PPP como um espaço de autonomia e se basearia em um referencial que
determinaria uma teoria pedagógica compromissada em solucionar problemas
educativos e de ensino.
Indicava-se
no PPP a necessidade de se receber assistência técnica e financeira decida em
conjunto com as instâncias superiores do sistema de ensino, o que
possibilitaria que a escola propiciasse situações que permitissem que os
professores, a equipe escolar e os funcionários aprendessem a pensar e a
realizar o fazer pedagógico de modo coerente.
A
abordagem geral do PPP então foi construída na Escola Servantes sob os
princípios da democrática, numa escola que se concebia pública e gratuita,
considerando a “igualdade” de condições para acesso e permanência na escola; a
“qualidade” de ensino para todos; a “gestão democrática”, que incluía a ampla
participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas
decisões/ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas; a “autonomia” de
atuação; e, a “valorização do magistério” que objetiva a formação inicial e a
continuada, condições de trabalho e remuneração docente.
Buscou-se
assim definir no PPP: a FINALIDADE EDUCATIVA da Escola Servantes, no ambito
constitucional, cultural, política e social; a ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
definindo-se a organização pedagógica nas suas interações políticas, questões
de ensino-aprendizagem e curriculares, incluindo todos os setores necessários
ao desenvolvimento do seu trabalho; e, a administrativa, que assegura a
locação, a gestão de recursos humanos, físicos e financeiros, além do
patrimônio escolar e de como esse se apresenta; o CURRÍCULO explicitando à
organização do conhecimento escolar, sendo uma construção social do saber,
pressupondo a sistematização dos meios para que se efetive, junto a isso
definindo uma perspectiva sócio-interacionista para o desenvolvimento prático
do currículo em ação; o TEMPO ESCOLAR através do calendário e do horário
escolar, bem como a organização temporal do conhecimento que ficou marcada pela
segmentação do dia letivo e estruturado em períodos fixos de tempo para cada
disciplina; o PROCESSO DE DECISÃO impondo a idéia de que a estrutura
administrativa, deve prever meios que estimulem a participação de todos no
processo de decisão e, para se tornar possível, colocaram a necessidade de
implementar na escola mecanismos institucionais, para a participação política
dos envolvidos com o processo educativo da escola; as RELAÇÕES DE TRABALHO que criavam a
possibilidade de na Escola Servantes conceber boas relações aquelas que giravam
em torno de atitudes solidárias, recíprocas e de participação coletiva; e, por
fim a AVALIAÇÃO DO PPP que parte da necessidade rever constantemente aquilo que
se conhece da realidade escolar, e os instrumentos para compreender as causas
da existência de problemas, bem como suas relações, suas mudanças e se esforça
para propor alternativas coletivas, metodologicamente a avaliação foi proposta
em dois momentos: a descrição e a
problematização da realidade escolar; a compreensão crítica da realidade
descrita e problematizada; e, a proposição de alternativas de ação, momento da
criação coletiva.
Diante
deste PPP então podemos considerar algumas descrições do cotidiano escolar que
são muito reveladoras e que podem ser analisadas sob a luz do próprio PPP da
Escola. Vamos as situações cotidianas:
SITUAÇÃO
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QUESTINAMENTO no PPP
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Encontramos uma mãe
na saída da escola, cabisbaixa por não ter conseguido matricular seu filho
que apresenta deficiência física e é cadeirante, sob o argumento de que a
escola não estava preparada para receber este aluno.
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Para
quais cidadãos esta escola trabalha?
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Outra mãe saindo da matrícula do
filho estava a reclamar da cobrança de um valor mensal cobrado pela APP da
escola.
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Esta
escola não é pública e gratuita em seu projeto?
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Uma professora buscando resolver a problemática
de um aluno de sua sala é informada pela Orientação pedagógica que esta
criança é filho da família com as melhores situações socioeconômica e de grau
de instrução dos pais da escola.
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Os
dados sócio-economicos e o grau de instrução dos pais seriam suficientes para
a escola conhecer seus alunos?
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A diretora numa reunião da Secretaria
de Educação diz não entender porque a escola tem tantos problemas de
reprovação tendo em vista que todos os seus professores são graduados e
especialistas.
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Somente
o nível de formação dos professores de uma escola é suficiente para que se
possa resolver os problemas dos alunos na escola?
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Os professores na sala de
professores, durante o lanche, estão reclamando da formação de professores
que terão no sábado pela manhã, considerando que este não é um período de
atividades profissionais e sim de descanso.
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As
condições de formação continuada previstas no PPP podem dar conta da formação
de professores e das condições de sua atualização?
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A orientadora pedagógica recolhe
todas as semanas os planejamentos dos professores e dá conselhos para o
andamento do trabalho pedagógico na sala de aula.
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Esta
forma de controle, sem uma interação entre os professores e uma discussão de experiências
de forma séria seriam suficientes para buscar soluções as problemáticas?
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Uma tarde estavam na sala da
orientadora 5 crianças que teriam sido encaminhadas pelos seus professores
para receber disciplinamento pela administração da escola.
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Esta
é uma ação que esta prevista num PPP que se diz democrático e coletivo, com a
participação dos envolvidos?
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Qual
intencionalidade ou perda de autoridade frente as novas gerações se está
estabelecendo nesta situação?
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Numa manhã encontramos uma turma de
primeiro ano alunos enchendo linhas da família do B
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Como
esta neste contexto a proposta sócio-interacionista do PPP compreendida pela
professora?
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Uma professora chega a escola com
algumas novidades de um curso que havia feito e outras duas professoras
comentam: “Lá vem ela se achando de novo”
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Como
estas duas professoras estão vivendo o PPP no que se refere a boas relações
sendo aquelas que giravam em torno de atitudes solidárias, recíprocas e de
participação coletiva?
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Em época de eleição para diretoria
fazem de tudo para “agradar” pais, professores, alunos; quando passa, volta
tudo ao “normal”, sem diálogo, sem nenhuma democracia para tratar de assuntos
que diz respeito a todos dentro da escola, tornando- se assim um poder
centralizado, sem interferência de nenhum membro da escola somente de “quem
manda mais.”
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Não
deveria existir uma troca de idéias, entre toda a comunidade escolar?
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Um grupo de professores de educação
infantil organizaram materiais falando aos pais sobre o processo de
desenvolvimento infantil, e ressaltando a importância de se respeitar o tempo
e o espaço no qual a criança está inserida, e ressaltando a necessidade de um
ambiente onde a brincadeira permeie todas as atividades. Alguns pais não gostaram
nada do material, pois eles acreditam que na escola a criança precisa ter conteúdos
e realizar trabalhos concretos com números e letras e logo foram falar com a
diretora reclamando destes professores.
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Como
trabalhar está situação de forma que prevaleça o real objetivo da educação
infantil proposto pelos professores?
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Sempre quando é sugerida alguma
atividade ou idéia nova, da direção e da supervisão da escola, nas reuniões freqüentemente
uma ou duas professoras se posicionam, pedindo a palavra e dizem" Eu me
nego de fazer isto e ponto final".
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Esta
é uma ação que está de acordo com um PPP que se diz participativo,
democrático e coletivo?
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O
PPP de uma escola pública e gratuita não deveria procurar oferecer o melhor,
em sua proposta, para o povo, já que é o povo quem fornece os subsídios que
mantém as necessidades da escola, inclusive o trabalho dos professores (salário)?
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De
que forma estes professores estão contribuindo, através de seu trabalho, para
que a proposta pedagógica da escola seja realmente colocada em prática?
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De algum tempo para cá estão sendo
muito discutidas as questões da inclusão no ensino regular, então nos
coloquemos na situação de um professor que recebe um aluno com algum tipo de
deficiência, quais seriam no seu ponto de vista como educador, as primeiras
medidas a serem tomadas?
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No
que se refere ao conhecimento do PPP da escola SERVANTES, você acha que as
suas medidas condizem com ele?
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No
PPP consta algum parágrafo que explane
este assunto conforme as leis que regem a Inclusão de pessoas com
necessidades especiais?
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Quinzenalmente a quarta-feira é
marcada por uma característica: os alunos tem seu período de aula reduzido
pela metade do turno para que os professores tenham um momento de reunião e
formação continuada. No entanto esse período de planejamento acaba sendo um
tempo de lamúrias, fofocas e discussões nada produtivas.
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De
que forma o PPP compreende os momentos de formação continuada?
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A
forma como estão sendo implementados esses momentos de estudos estão
condizentes com o PPP da escola?
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Para análise do PPP e das situações da
Escola Servante vamos tomar como referência um conceito de realidade escolar:
Realidade escolar são os efeitos das
práticas pedagógicas, somadas ao cotidiano dos alunos, professores e funcionários
dentro e fora das escolas.